sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Política Monetária

É o controle da oferta da moeda e das taxas de juros que garantam a liquidez ideal para cada momento econômico

Bacen – BC – é o executor da política monetária, e atua conforme deliberações do CMN

Conceito de moeda

É o instrumento básico para que se possa operar no mercado.

É o ativo financeiro com maior liquidez do mercado e o único com curso forçado

LIQUIDEZ – capacidade de um ativo converter-se rapidamente em poder de compra, isto é, transformar-se em mercadorias.

Algo que é aceito pela coletividade, para desempenhar as seguintes funções:
Meio ou instrumento de troca
Unidade de conta
Reserva de valor

Meio ou instrumento de troca

Com o advento da moeda as transações, que davam-se através da troca direta (escambo), ficaram facilitadas – a moeda tornou-se o ativo intermediário entre as mercadorias, para realizar as compras, para poder trocar, os indivíduos devem ter moeda. A moeda não é demandada por ela mesmo, mas pelos bens que ela pode adquirir.

É a chamada demanda por motivo transacional.

Teoria quantitativa da moeda – qualquer elevação da quantidade de moeda significa elevação nos preços

Unidade de conta
É a função de possibilitar a comparação de valor de diversas mercadorias

Serve como parâmetro contábil para expressar situações e evoluções na valorização de bens e serviços

Unidade para pagamentos diferidos no tempo e mensuração da remuneração de indisponibilidade

Reserva de valor

É a possibilidade que a moeda apresenta de permitir a reserva e acumulação para utilização posterior – o primeiro motivo que leva os indivíduos a demandar moeda para reserva de valor é a precaução. Há incertezas em relação ao futuro e eles guardam moeda para precaver-se do infortúnio.


Estágios da moeda

Escambo – é a troca direta de mercadorias, as trocas são diretas e a atividade produtiva não está voltada para o mercado. A desvantagem do escambo é a dificuldade de parâmetros de valor, havia muita desconfiança em relação às trocas e comumente os indivíduos sentiam-se prejudicados na transação. Além disso, para a troca tornar-se possível eram necessários desejos coincidentes, o indivíduo que deseja adquirir a minha mercadoria deve possuir a mercadoria que eu desejo.

Moeda mercadoria – Ex: sal, gado, conchas – utiliza-se uma única mercadoria como unidade de valor, o indivíduo troca seu produto pela moeda mercadoria para depois adquirir o produto desejado utillizando-se desta mesma moeda, permitiu a liberdade da coincidência de desejos. Depois optou-se pela utilização de metais como moeda mercadoria em função de seus detalhes físicos (homogeneidade, durabilidade, portabilidade, escasses).

Moeda simbólica – Como a utilização do metal como moeda de troca difundiu-se, começaram a aparecer alguns problemas quanto a sua utilização, como pesar e avaliar, então alguns soberanos passaram a cunhar em metais sua esfinge, o que garantia o seu valor. O sistema apresentou vários benefícios em relação ao anterior pois facilitou as trocas. Aos poucos os soberanos foram impondo o uso dessas moedas e as mesmas passaram a ser de uso legal. Isto facilitou a transição para a monetização de quase todas as relações econômicas.

Moeda escritural – com a disseminação do uso da moeda, desenvolveu-se, em função da segurança, a tendência de depositar a moeda em instituições especializadas, os bancos. Passou-se ao quarto estágio que é o da moeda escritural. Como cada depósito gerava um recibo que dava ao seu proprietário a garantia daquele valor, os recibos passaram a ser negociados como substituto da moeda física. Esses recibos deram origem aos avisos, que por sua vez deram origem aos cheques. Grande parte dos pagamentos e recebimentos passaram a ser realizados por débitos e créditos contábeis.

Moeda sofisticada – com os avanços tecnológicos, foi possível transformar a moeda em outros ativos e vice-versa, levando a sociedade ao quinto estágio da moeda. A moeda passou a ser um conjunto de registros eletrônicos que representam uma diversidade de ativos. Há uma tendência global em evitar saldos monetários ociosos e a moeda de cusro legal é rapidamente transformada em ativos remunerados e vice-versa. Para medir a quantidade de moeda em uma economia, utiliza-se o conceito de agregados econômicos ou meios de pagamento.

Agregados monetários

Ativos que, apesar de não serem considerados moeda no sentido estrito, apresentam alguma característica de moeda no sentido amplo – são chamados de quase-moeda, pois podem, sem grandes problemas, ser transformados em moeda. São ativos que apesar de não serem aceitos na troca por bens e serviços podem ser convertidos em moeda para realização das transações.

Ao classificar o total de moeda de um país utiliza-se o conceito de agregado monetário ou meio de pagamento

Agregados monetários no Brasil
Existem duas classificações de agregados monetários aceitas, uma considera que há cinco meios de pagamento, outra considera que são quatro os meios de pagamento. Este último é o mais utilizado

Agregados monetários no Brasil

M1 = Moeda em poder do público mais depósito à vista nos bancos comerciais – são os chamados meios de pagamento com liquidez imediata e não rendem juros. É formado pela moeda corrente ou manual e a moeda escritural.

M2 = M1 + caderneta de poupança + depósito a prazo

M3 = M2 + títulos públicos

M4 = M3 + títulos privados – estes últimos são os chamados quase-moeda e possuem a característica de render juros aos aplicadores

O bacen é responsável pela elaboração e divulgação dos agregados todos os meses.


Oferta monetária

A oferta de moeda é realizada tanto pelas autoridades monetárias, pela emissão de notas e moedas metálicas, quanto pelos bancos comerciais que, apesar de não poderem emitir, podem, no entanto, criar ou destruir moeda

Considera-se moeda, em sentido restrito, os meios de pagamento M1, que possuem liquidez imediata e não rendem juros

Oferta de moeda pelos bancos comerciais

Uma das características dos bancos comerciais é o fato de criarem moeda escritural, através do multiplicador monetário

Depósito à vista – direito que um depositante possui sobre certa quantia
Os bancos realizam empréstimos dos valores depositados em suas contas

Economia imaginária com um banco 3 pessoas. Toda a moeda desta economia restringe-se a 100,00 reais.
A possui 50,00
B possui 30,00
C possui 20,00

Os 3 depositam suas disponibilidades no banco que tem a soma de 100,00 em depósito
C adquire uma mercadoria de A por 80,00, como não possui todo o montante vai ao banco e faz um empréstimo de 60,00. O banco, que possui o montante de 100,00 depositados concede o empréstimo e C paga a A 80,00. A por sua vez deposita este valor no banco. Os depósitos ficam da seguinte forma:
A possui 130,00
B possui 30,00
C não possui depósito
O banco passa a ter 160,00 em depósitos

Por sua vez, B adquire uma mercadoria de C por 50,00, como não possui todo valor solicita ao banco um empréstimo de 20,00 que é concedido. B paga a C 50,00 que, por sua vez, deposita o valor no banco. Os depósitos ficam da seguinte forma:
A possui 130,00
B não possui depósito
C possui 50,00
Total depositado: 180,00

Este é o efeito multiplicador da moeda, os quais são uma prerrogativa dos bancos comerciais ou bancos múltiplos com carteira comercial.

Base monetária

Corresponde à moeda emitida mais as reservas bancárias = PMPP + depósitos à vista + reservas bancárias

É conhecido como passivo monetário do Banco Central e corresponde à todo papel-moeda emitido

O controle da base monetária é o principal meio de política monetária, este controle ocorre através de alguns instrumentos

Instrumentos de política monetária
Depósito compulsório
Operações de open-market
Redesconto
Juros
Controle e seleção do crédito

Depósito compulsório

Também conhecido como “reserva legal”

Tem a principal função de regular o multiplicador monetário, afetando diretamente a oferta de moeda

É fixado pelo CMN e executado pelo Bacen

O depósito compulsório não altera só a expansão da moeda com também o volume de moeda ofertado.

Ex: um único banco na economia, percentual de compulsório 20%
Depósito inicial: 100,00: o banco recolhe 20,00 de compulsório e empresta 80,00
Estes 80,00 são depositados: o banco recolhe 16,00 de compulsório e empresta 64,00
Estes 64,00 são depositados: o banco recolhe 12,80 de compulsório e empresta 51,20
Estes 51,20 são depositados: o banco recolhe 10,24 de compulsório e empresta 40,96
E assim sucessivamente...

Esta sequência constitui-se numa progressão geométrica decrescente de razão 0,8, que corresponde à fração livre dos depósitos bancários (1 - 0,2 = 0,8)
SPG = a1 / 1 – q
SPG – soma dos termos de uma PG
a1 – primeiro termo da PG
q – razão da PG

D = 100,00 / 1 – 0,8 = 500,00

O depósito inicial de 100,00 gerou um total de depósitos no banco de 500,00

A razão do compulsório é sempre situada entre 0 e 1.

Operações de open-market (Operações de mercado aberto)

Consiste nas operações de compra e venda de títulos públicos

É considerado o mais ágil instrumento de política monetária

Consiste no resgate (compra) e colocação (venda) de títulos públicos no mercado

Vamos supor que o Bacen compre obrigações governamentais possuídas pelo público.

Como pagamento desta compra, o Bacen entrega ao possuidor o valor devido pela obrigação. Este indivíduoe mais um agente na economia com condições de consumir e pode até, depositar este valor em um banco, o qual será multiplicado pelo efeito multiplicador que os bancos comerciais possuem.

O oposto se verifica na venda de títulos por parte do Bacen, o fluxo da moeda direciona-se ao Bacen, reduzindo o consumo e os depósitos à vista.

Redesconto

Também conhecido com empréstimo de liquidez

É o empréstimo que o Bacen fornece aos bancos para atender suas necessidades momentâneas de caixa

Realiza-se sempre na forma de operação compromissada

Existem várias situações em que os bancos necessitam de recursos, e o Bacen, que é o banco dos bancos, oferece esta linha de crédito, que é chamada de redesconto. Na medida em que o Bacen adoota uma política liberal de crédito, com juros (taxa de redesconto) baixos, os bancos comerciais tem uma fonte acessível de empréstimos e podem também adotar uma política liberal de crédito a seus clientes.

Caso o Bacen limite quantitativamente os redescontos ou eleve suas taxas os bancos comerciais são obrigados a reduzir seus empréstimos e elevar as taxas de juros.
Desta forma o crédito bancário se torna difícil e dispendioso.

Juros

É um dos mais utilizados instrumentos de política monetária

Afeta diretamente a oferta monetária, pois dependendo do seu comportamento os agentes econômicos tomarão decisões diversas em relação a seus recursos

Uma política de juros baixos fomenta o mercado de crédito e os consumidores tendem a consumir mais e utilizar mais o crédito bancário, o que provoca uma expansão na oferta de moeda. Outro fator diz respeito aos investimentos, a retração dos juros torna menos atrativas as aplicações financeiras, o que muitas vezes leva o consumidor a trazer este ativo para o M1 e demandar mais produtos, o que aumenta a oferta de moeda.

Na situação inversa o consumidor tem um comportamento menos consumista e as aplicações financeiras tornam-se mais atrativas, o que tira a moeda de circulação.

Controle e seleção do crédito

Também conhecido como seletividade de crédito

Atuam diretamente sobre o volume e preço do crédito
Destinação de recursos
Fixação de prazos
Fixação de limites

O mercado de crédito é regulado pelo Bacen, que de acordo com as diretrizes do CMN altera os aspectos creditícios de forma a expandir ou reduzir a oferta de crédito por mecanismos diversos da taxa de juros.

Política restritiva

É quando o governo quer diminuir a oferta de moeda

Aumento do compulsório
Colocação de títulos públicos
Restrição ao redesconto
Aumento dos juros
Restrição ao crédito

Política expansiva

É quando o governo quer aumentar a oferta de moeda

Redução do compulsório
Resgate de títulos públicos
Incentivo ao redesconto
Redução dos juros
Incentivo ao crédito

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá! Sua opinião é muito importante. Sinta-se a vontade para expressar o que achou do blog e do conteúdo disponibilizado. Um abraço!!! Édson